terça-feira, 27 de outubro de 2015

Testemunho - Luís Simões

Gostaria de agradecer em primeiro lugar ao consórcio "Techschools@europa" por me ter permitido fazer este estágio em outro pais e por ter disponibilizado uma generosa bolsa e um acompanhamento exemplar mesmo antes da partida, durante a estadia na República da Irlanda e mesmo no fim deste trajecto, pois sem o apoio da equipa "Techschools" nada disto teria sido possível.

Como não poderia deixar de ser, agradeço á Parthenership International por todo o apoio que me prestou durante esta jornada, e agradeço de maneira sincera por terem resolvido sempre prontamente todos os problemas que encontrei pelo caminho, particularmente agradeço ao Paul Creian que esteve sempre 24h ao meu dispor e nunca deixou que falta se algo no meu dia-a-dia em Cork.

Agradeço também muito sinceramente á minha tutora Lynda Mcsweeney pela disponibilidade evidenciada para tratar da minha instrução dentro das lides do parque e também pela simpatia e profissionalismo que demonstrou em todo o processo de estágio, aos meus companheiros do parque agradeço por terem aberto as portas ao convívio e á integração no dia-a-dia do parque tornando o meu desempenho mais fácil e profissional, com certeza não os irei esquecer por terem sido companheiros de trabalho exemplares.

Neste texto irei descrever a empresa e algumas das funções desempenhadas na mesma desde o dia 25 de Maio a 21 de Agosto de 2015, adaptação á cidade e o que foi mais difícil no meu dia a dia, assim como a viagens de lazer que tive oportunidade de fazer.

Nos primeiros dias foi difícil habituar me a um novo contexto de vida, a República da Irlanda nada tem a ver com Portugal, o que se tornou latente a cada dia que passava, penso que a maior dificuldade terá sido a compreensão oral da língua, assim como a nível alimentar, é um pais caro onde se tem de fazer alguma contenção de gastos e onde alguns hábitos não são exequíveis, mas todas as adversidades fizeram me crescer, com esta experiencia aprendi a viver sozinho, eliminei alguns problemas que tinha no dia a dia como a cozinha.

Com esta experiência tornei me mais autónomo e consciente, tive a oportunidade de conhecer muitas pessoas e culturas, penso que sem duvida a melhor decisão da minha vida terá sido a inscrição no Erasmus +.

A relação com os colegas de trabalho e com as pessoas na Irlanda foi fantástica, não tanto com alguns dos companheiros de casa.

Em termos de viagens de lazer aproveitei bastante, comecei por visitar Blarney Castel, Ring of kerry, Killarney, Cliffs of Moher, Kinsale, Cobh e também dei um saltinho á Irlanda do Norte rumo a Belfast.

Em todas as viagens que tive oportunidade de fazer pude absorver a cultura e beleza destes lugares sem igual, no entanto a viagem que mais me encantou foi aquela que teve rumo a Belfast, adorei a cidade e o que ela oferecia desde os murais famosos pela história da cidade até as paisagens mais a norte da Irlanda, passando pelo Giant’s Causeway onde se respirava beleza!

No que se refere às tipologias e classificação de empresa, o Fota Wildlife Park não tem uma tipologia bem definida, no entanto pode ser considerado um turismo de natureza ou turismo ambiental porque se enquadra com os valores que o mesmo defende, é um local que prima pelos trilhos que disponibiliza aos turistas para que efectuem as suas caminhadas, pela relação que existe entre os animais e o seu habitat, no parque existe uma preocupação latente em não degradar qualquer vestígio de natureza existindo campanhas que exaltam ao turista que usufrui do parque a preservar o mesmo e a natureza, a instituição é também portadora do prestigioso prémio green flag atribuído pelo Ministério do Ambiente Irlandês devido á excelente forma como o parque é gerido e pelos seus serviços ambientais, tais o incremento de 21% para 62% na taxa de aproveitamento da reciclagem gerada no parque, á implementação de sistemas para aproveitamento dos recursos hídricos, ao investimento em painéis solares, centros de compostagem dentro do parque.

Sendo criada em 1983 numa pareceria entre a Zoological Society of Ireland and University College Cork (UCC), Fota Wildlife Park é uma instituição com fins não lucrativos e registada também como instituição de caridade, não vive de qualquer subsídio, retira os seus fundos através das entradas no parque, de doações, e de quotas anuais pagas por sócios com interesses ambientais e animais existe também a possibilidade da adopção de animais, teve como 1º objectivo proteger, reproduzir e assegurar a continuidade de espécies animais ameaçadas pela acção humana, sendo que desde os seus primórdios os regentes da instituição demostraram forte interesse não só na vida animal mas também no meio em que os mesmos vivem e que afecta todo o planeta.

No decorrer do estágio desempenhei variadas funções e posições as quais vou expor e explicitar nos próximos parágrafos.

Na primeira semana de estágio como não poderia deixar de ser limitei- me a uma “hambientalização” ao local de trabalho, aos costumes e aos novos colegas e métodos de trabalho.

Comecei por fazer a manutenção do reptilário onde era responsável pela limpeza dos aquários, manutenção do calor dentro da casa e pela manutenção do chão

sempre húmido para que nenhum animal sofre se de condições contrárias às suas necessidades.

Fiz também parte de uma campanha de irradiação de produtos que continham óleo de palma, visto que a obtenção dos mesmos pressupõe a destruição de habitats e morte de diversos animais nas selvas do Brunéo e sul da Ásia, o que no parque é visto como um crime sem desculpa plausível, durante três dias rastreei todos os produtos das lojas e restaurantes passando também pela cozinha onde se elaborava as rações animais no intuito de encontrar e irradiar todos os produtos que contivessem óleo de palma não certificado. O parque é um estandarte da conservação de habitats, e o meu trabalho nesse âmbito ajudou a tornar o parque 100% livre do óleo que destrói as vidas animais em prole do interesse humano.

As minhas primeiras funções dentro da educação e contacto com o público foram a monitorização das aulas de ecologia nos bosques do parque, que consistiram em consciencializar os turistas do local onde nos encontrávamos e no que poderíamos fazer para o preservar através de discursos, seguindo se de uma explicação das actividades que iriam exercer.

Poucos dias se passaram e estava já a desempenhar um papel relevante na espinha dorsal do parque, comecei a monitorizar as visitas guiadas, onde o meu papel se desenrolava na orientação do grupo turístico e nos discursos sobre os animais inseridos na visita, as vistas guiadas tinham a duração de 90 ou 140 min, dependendo da idade do público, a partida geralmente era realizada na entrada principal e tinha o seu fim junto ao restaurante. Durante quase um mês foi esta a minha função, simples e concisa, o departamento e colegas disponibilizaram documentos com vista á minha instrução para ter um bom desempenho na função o que tornou tudo mais fácil.

Nas seguintes semanas passei a fazer um trabalho diferente, o mesmo ficou mais próximo dos conhecimentos adquiridos no curso. A minha função na instituição ficou mais ligada á conservação e preservação de energia e recursos no parque, o que me fez trabalhar mais arduamente, entre várias funções desde medição de gastos de água e energia, procura de sistemas que reduzam os gastos de água, passando também por integrar o workshop do fim-de-semana verde. Esta posição exigiu de mim elevado senso de responsabilidade e atenção, levou-me a despender muitas horas de trabalho na procura de mecanismos para manter ou elevar os índices de aproveitamento energético e residual do parque

Outra actividade desempenhada foi a leitura das águas do parque no intuito de tentar descobrir vazamentos de água, consistia em fazer duas leituras por dia e compara las respectivamente, tentar compreende las para tentar conservar ao máximo o recurso mais precioso a vida e ao parque.

O meu desempenho a nível ambiental não ficou por aqui, fiz parte de workshops ambientais onde desenvolvemos jogos, discursos e visitas guiadas voltadas para observação de plantas e os impactos que o mau comportamento humano podem causar nas mesmas e sub-consequentemente na vida humana.

O departamento de educação é responsável por 2 semanas de acampamentos de férias destinados a jovens dos 5 aos 14 anos, o mesmo é dividido em 5 fases. A primeira fase tratou sobre desporto e a sua importância na nossa vida, a segunda visava a arte decorrendo portanto workshops de pintura e artes-manuais, já na terceira fase as atenções voltaram se para as espécies endémicas da Irlanda com variados discursos e apresentações através de visitas guiadas pelo parque, no quarto dia de acampamentos foi a vez de a ecologia tomar parte sendo que no ultimo dia da semana foi a vez de juntar todas as actividades da mesma.

O meu papel nestes acampamentos foi monitorizar as actividades e prestar mais enfase nas actividades de ecologia.

A ultima das minhas funções no estágio cingiu se á Patrulha Animal, onde as minhas funções foram como o nome indica fazer a patrulha dos Cangurus e de Lémures, estas duas espécies animais exigem uma especial atenção porque estavam em liberdade no parque podendo divagar para onde quisessem o que exigia uma constante supervisão não só porque os tratadores animais precisam de alimenta los mas por razões de segurança a nossa maior responsabilidade era impedir os turistas de tocar ou alimentar estes animais ou mesmo outros animais em todo o parque.

Todas as manhãs iniciávamos o dia recolhendo os sinais que de forma clara advertiam as pessoas que era proibido tocar ou alimentar tanto os cangurus como os lémures, seguindo se a procura dos mesmos pelo parque e posterior vigilância, o que se tornava mais difícil com o passar do tempo e com o elevado volume de turistas no parque.

A patrulha animal não possuía apenas esta actividade como é notório exercia também postos de informação, em alguns animais tais como: girafas, chitas, águias, foca, gibons, pinguins, macaco-rabo-de-leão, tigres e rinoceronte, dentro destes a minha função diária era fazer apresentação aos turistas de 2 destes animas numa determinada hora do dia seguindo se também de discursos na hora da alimentação dos mesmo e no caso das chitas havia também uma actividade chamada corrida da chita que consistia em colocar um coelho num gancho e fazer o animal perseguir a presa, na qual a minha função era falar sobre a corrida e sobre o animal.

Esta função era nuclear no dia-a-dia do parque porque exigia um elevado grau de conhecimento do animal e poder de discurso para uma audiência que por vezes chegava a obter cerca de 50 pessoas.
No fim de cada dia discutíamos o que poderia e deveria ser feito para melhorar o nosso trabalho e tentávamos encontrar outras soluções para implementar novos projectos no departamento.
Acrescento também que tive a oportunidade de participar em algumas reuniões administrativas com intuito de ajudar a novas opções para combater adversidades e trazer mais turistas ao parque.
Para concluir recomendo totalmente a todos os que queiram usufruir de uma experiencia como a minha, a inscrição no programa Erasmus + , pois é uma oportunidade única para aprender e conhecer novas culturas e novos métodos.





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